SOCIETÁRIO – COMITÊS – SETOR IMOBILIÁRIO

Comitês separam gestão que sobrevive da rotina da que planeja o médio e longo prazo
por Fernanda Bolzani Petersen Charneski publicado em 04/04/2025

Os comitês desempenham um papel essencial na governança corporativa, tendo como principal função aprofundar questões estratégicas e fornecer embasamento técnico para a tomada de decisões.

No setor imobiliário, essa necessidade é ainda mais evidente, uma vez que a gestão de ativos envolve regulamentações específicas, planejamento tributário e estratégias de valorização patrimonial. A presença de comitês especializados garante maior eficiência e segurança nas decisões corporativas, assegurando que as estratégias estejam alinhadas à perenidade e ao crescimento sustentável dos negócios.

Em um setor onde cada metro quadrado carrega milhões em números e responsabilidades, os mecanismos de decisão precisam ser tão robustos quanto a estrutura de um edifício. Os comitês conectam a visão de longo prazo à execução assertiva.

Mais do que uma boa prática de governança, os comitês tornaram-se ferramentas imprescindíveis de inteligência técnica e estratégica, sobretudo em organizações familiares, empresas incorporadoras ou empreendedoras de médio e grande porte.

Da Engenharia à Estratégia: Por que os Comitês Importam

A construção de valor no setor imobiliário vai além do óbvio. Ela exige domínio técnico, sensibilidade regulatória e, acima de tudo, decisões fundamentadas. Nesse contexto, os comitês aprofundam temas críticos, debatem questões de riscos, inovação, investimentos, diretrizes e sucessão subsidiando o conselho com informações qualificadas.

Como engenheira civil e arquiteta de negócios e relações, observo que empresas que incorporam comitês como parte da sua rotina de governança constroem pontes sólidas entre a operação, a estratégia e o capital.

Comitês e Conselhos: Arquiteturas com Funções Diferenciadas

Embora atuem de forma integrada, comitês e conselhos possuem papéis distintos:

  • Conselhos (Administrativos ou Consultivos): são responsáveis por definir o direcionamento estratégico, supervisionar a gestão executiva para a perenidade do negócio. São os tomadores de decisão.
  • Comitês Estratégicos: operam como núcleos especializados que analisam verticalmente temas complexos, emitindo pareceres e relatórios que sustentam as deliberações do conselho. Não são órgãos deliberativos, permanecendo esta competência ao próprio Conselho.

Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), essa sinergia é vital: enquanto o conselho mantém a visão ampla, os comitês oferecem o aprofundamento técnico que confere precisão às decisões.

No Imobiliário, a Complexidade é Técnica — e Estratégica

Gestores de patrimônio imobiliário lidam com ativos de longa maturação e múltiplas dimensões de risco. Decidir sobre um novo empreendimento, readequar um portfólio ou planejar parcerias de médio a longo prazo são fatores que exigem da governança uma combinação de:

  • Conhecimento técnico (engenharia, arquitetura, urbanismo);
  • Visão de negócio (mercado, jurídico); e
  • Alinhamento estratégico e sucessório

É nesse ponto que os comitês entregam valor. Eles transformam decisões que poderiam ser centralizadas ou intuitivas em processos colegiados, com base técnica e inteligência de mercado.

Cinco Comitês para o Setor Imobiliário

O número de comitês pode ser avaliado de forma individual, conforme o porte do negócio e ou empresa envolvidos. Pode atuar em uma ou mais frentes simultâneas. Para formatos mais completos, propormos a seguir, os fóruns estratégicos mais relevantes para empresas do setor e famílias empresárias com ativos imobiliários significativos:

  1. Comitê de Gestão Patrimonial
    Responsável pela administração estratégica dos ativos e estoques, otimizando ocupação, rentabilidade e o ciclo de vida dos imóveis.
  2. Comitê de Riscos e Compliance
    Atua na mitigação de riscos fiscais, ambientais e societários.
  3. Comitê de Investimentos e Expansão
    Avalia novos negócios, parcerias, desenvolvimento de empreendimentos e desinvestimentos com base em critérios técnicos, de mercado e retorno de capital.
  4. Comitê de Governança e Sucessão Familiar
    Estrutura a transição entre gerações, reduz conflitos societários e define regras claras de participação familiar.
  5. Comitê de Inovação e Sustentabilidade
    Explora tendências construtivas, arquitetônicas e tecnológicas, digitalização de processos e práticas ESG, com impacto direto no valuation e no posicionamento de marca.

Comitês: Uma Ferramenta de Alta Performance

Para CEOs, CFOs e COOs, os comitês representam Fóruns de Inteligência Técnica e Mitigação de Riscos, que:

  • Qualificam a análise de novos projeto;
  • Aumentam a velocidade e a segurança das decisões;
  • Apoiam a governança em temas sensíveis; e
  • Oferecem maior conforto técnico e jurídico à alta administração

Os comitês são, em última análise, uma ferramenta para auxiliar a performance corporativa e o planejamento estratégico da organização.

Conclusão: Comitês são Estratégia, não Burocracia

A governança por comitês não é apenas um protocolo de boas práticas, mas sim uma resposta estruturada à complexidade do setor imobiliário e à sofisticação da gestão patrimonial mais assertiva.

Empresas e famílias empresárias que adotam fóruns estratégicos otimizam a gestão de ativos, antecipam riscos e redirecionam ações, qualificam suas decisões e garantem continuidade e crescimento sustentável.

Como afirmou Garratt (2010), “a governança eficaz não é uma questão de burocracia, mas de estratégia inteligente e adaptável.” No mercado imobiliário, essa inteligência passa, cada vez mais, por comitês bem estruturados, tecnicamente embasados e estrategicamente alinhados.

Comitê não é custo nem formalidade: é o que separa uma gestão que sobrevive da rotina da que planeja o médio a longo prazo, e portanto, mais próspera. 

Autora: 
Fernanda Bolzani Petersen Charneski (fernanda@charneski.com.br)

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